Riscos de Apagão no Brasil e o que podemos fazer
Autor: *Osmar Dias Junior
A crescente dependência da sociedade moderna pela energia elétrica — presente em atividades cotidianas como preparo de alimentos, uso de computadores e funcionamento de serviços públicos — torna os apagões um risco relevante. A recente crise energética na Europa, onde países como Espanha e Portugal ficaram mais de dez horas sem eletricidade, serve como alerta para outras nações, inclusive o Brasil.
No país, o sistema elétrico é centralizado e gerido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que busca garantir a estabilidade por meio da integração das redes estaduais. Em teoria, falhas localizadas seriam isoladas sem afetar o sistema como um todo. No entanto, na prática, falhas nos sistemas de monitoramento e resposta automatizada podem provocar apagões em larga escala, caso um problema não seja tratado a tempo, como já ocorreu em outras partes do mundo.
A história do Brasil registra apagões significativos, especialmente no final dos anos 1990, quando a infraestrutura elétrica era fragmentada e ineficiente. Regiões com excesso de energia não conseguiam suprir as carentes, e os aparelhos eletrodomésticos consumiam mais eletricidade. A resposta veio com a integração do sistema nacional, modernização das usinas, incentivo à eficiência energética e troca de lâmpadas incandescentes por modelos mais econômicos, como fluorescentes e LED. Os sistemas computacionais de controle também foram modernizados, mas muitas dessas melhorias datam de mais de duas décadas, e parte da infraestrutura e dos softwares usados hoje não acompanha as necessidades atuais.
Além disso, fatores políticos e istrativos podem interferir negativamente na gestão da rede elétrica, como possivelmente ocorreu na Europa. Isso reforça a necessidade de prevenção e preparo diante da possibilidade real de apagões. Embora não seja possível eliminar completamente o risco, é possível mitigar seus efeitos com medidas simples.
Entre as sugestões está a criação de um “Kit Apagão”, contendo itens básicos para enfrentar a falta de energia: lanternas, velas, fósforos, power banks, pilhas, nobreaks, alimentos não perecíveis, água potável, filtros, produtos de higiene, medicamentos essenciais e equipamentos como fogareiros portáteis a gás. Famílias com pessoas que dependem de remédios contínuos devem manter pequenos estoques de segurança.
Outra recomendação é a realização de simulações domésticas anuais de apagões, semelhante às práticas adotadas em empresas e hospitais, para que todos saibam como agir em situações emergenciais. Essas ações, embora possam parecer exageradas, ajudam a reduzir os impactos de uma possível crise, considerando que as grandes emergências geralmente surpreendem a população despreparada.
Portanto, o risco de apagão no Brasil é real e exige atenção tanto das autoridades quanto da população. Investimentos contínuos em infraestrutura, atualização tecnológica e ações preventivas no âmbito doméstico podem fazer a diferença no enfrentamento de situações de crise energética.
*Osmar Dias Junior é físico e professor de Engenharia e Computação da Escola Superior Politécnica da Uninter.
Autor: *Osmar Dias JuniorCréditos do Fotógrafo: Pexels